terça-feira, 23 de maio de 2017

Manifesto contra a tortura localizada.



Às vezes eu não sei como a gente consegue sorrir ou descansar com esse turbilhão de exigências. Tem sempre um espelho, uma câmera frontal, uma televisão ou uma tia (vitima desse mesmo sistema) nos dizendo o quanto a gente ficaria mais bonita se emagrecesse, se tivesse um peito maior ou um peito menor, uma bunda grande ou pequena, traços mais "finos" ou uma boca mais carnuda e assim vai.

Entre um efeito sanfona e outro, sempre achamos que a felicidade se encontra na tal forma perfeita. Sofremos tanto correndo atrás de uma cintura fina ou de uma coxa mais durinha que abdicar de coisas que você adora para alcança, manter e assim ficar em paz, não parece tão mal assim. 

"O que eu não posso é ficar gorda" é uma frase corriqueira ou talvez  um "queria tanto engordar mais uns quilinhos e finalmente caber naquela roupa". Estamos sempre nos cobrando. A tortura é nível master. E mesmo tendo referências de mulheres felizes com seu próprio corpo quando a calça aperta o desespero vem sem pedir licença.
E aí começa uma luta desesperada contra você mesmo, e a palavra low carb, entre outros nomes de dietas milagrosas, passam a fazer parte da nossa rotina. A internet esse mal necessário, nunca teve tanta serventia, já que há sites disponibilizando lista do que comer ou não comer em caso de pressão social. E finalmente você emagrece. 

Mas espera ai mocinha, você acha que agora vai ter paz?

Não, não.

já ouviu um "tá doente?" "tá sofrendo?", "o que aconteceu com seu corpo?” “você está flácida!”  hoje?

É melhor ganhar massa muscular.

Vamos usar agora esse suado dinheirinho com uma academia e acabar com essa flacidez que te faz lembrar o tempo todo daquele seu passado. Depois de 5 meses de academia e de barrinhas de cereal substituindo uma refeição, você finalmente vai está bem ou perfeita. Né?

Não!

Mas seu foco talvez seja deixar seu corpo "trincado" e ai você é obrigada a ouvir frases como "e esse corpo, aí? Parece um homem" "aff menina, você tinha um corpo tão lindo" "porque não deixa ele mais feminino".

Entende? Não importa o que a gente faça, nunca está bom o suficiente.

Então o que resta é AMAR. Sim, AMOR PRÓPRIO! 
Construir esse sentimento por nós mesma. 

Sabe, tem dias que é foda encarar o espelho que grita por um manequim que se enquadre num padrãozinho vigente. Mas tem outra coisa, esse espelho mente e é tão falso quanto aquele da madrasta da Branca de neve. Lembra quando ele disse que a Branca de neve era mais bonita, ele mentiu. A Branca de neve é tipo a moça da capa da revista, o tipo ideal que não existe.
E ele continua mentindo todos os dias. E mente pra você, pra mim, pra sua melhor amiga, para as migas que passam o dia na academia (não por vontade mas por imposição)... Sabe ninguém está impune.
Eu queria que a partir de hoje seus olhos não utilizasse mais o filtro de repressão, nem contra o seu corpo e nem contra o da coleguinha. Eu queria tirar ele dos meus olhos também.
Acho que vale escrever todos os dias em um papel "eu me amo" e "não há nada de errado com meu corpo e nem com o das outras mulheres". Dizem que escrever nos ajuda a absorver aquilo que se quer aprender.

Ou talvez falar umas verdades pra nós mesmas na frente do espelho, tipo um "que mulherão da porra" ou "tá linda, linda" resolva.

Talvez devêssemos acreditar nessas técnicas e fazer um detox mental, para ajudar a eliminar esses pensamentos nocivos.
Espero que você fique bem e que eu também. Espero que não nos falte amor próprio,  que a gente se aceite e que haja mais gentileza nesse olhar sobre nós mesmas e sobre as outras mulheres.
Não tem sido fácil para elas também.


Mulheres de todo o mundo, se amem.

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